Da crise à colaboração: Reduzindo a mortalidade por meningite na província do Huambo, Angola
Huambo, Angola-É de manhã cedo, mas Soba Arão Moma, um líder tradicional do bairro Benfica na província do Huambo, Angola, já está a interagir com os residentes e a distribuir panfletos. A sua missão é clara: garantir que toda a gente está bem informada sobre o surto de meningite que está a afectar a província angolana do Huambo e que nenhuma criança doente está em casa sem supervisão quando deveria estar no hospital.
A intervenção do Soba Moma é fruto de uma colaboração crucial entre a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério da Saúde de Angola e a União Europeia para travar um aumento alarmante de casos de meningite na província no ano passado, reduzir as taxas de mortalidade e aumentar a capacidade de cuidados de saúde.
Entre Janeiro e Dezembro de 2023, Angola registou um aumento significativo de casos suspeitos de meningite, com 68.169 casos e 169 mortes. A alta taxa de letalidade de 40% entre os 336 casos notificados na província do Huambo significa que foi responsável por quase 80% das mortes em todo o país.
De um modo geral, a província do Huambo tem sido o foco de intervenção para controlar um possível surto no país, uma vez que entre Janeiro e Dezembro de 2023, Angola registou um aumento significativo de casos suspeitos de meningite, com 68.169 casos e 169 óbitos, dos quais 336 casos foram notificados na província do Huambo, com uma taxa de mortalidade superior a 40%. Esta taxa de mortalidade é relativamente elevada quando comparada com o número médio de óbitos registados nos países considerados parte da cintura da meningite na região africana da OMS, da qual Angola não faz parte.
Entre janeiro e maio de 2023, a província registou 103 casos de meningite, resultando em 42 mortes, com uma taxa de mortalidade preocupante de 41%. A escassez de medicamentos, de pessoal de saúde e a falta de pessoal nas unidades de saúde exacerbaram o surto de meningite na província do Huambo. Para garantir uma resposta eficaz e proteger as populações de alto risco, uma missão de resposta conjunta de 20 dias no Huambo teve como objectivo melhorar a funcionalidade do sistema de saúde local, melhorar as infra-estruturas e a disponibilidade de medicamentos e reforçar os recursos humanos.
Os resultados significativos dos esforços conjuntos incluíram a formação de 37 técnicos de saúde em comunicação de risco e envolvimento da comunidade, a formação de 30 jornalistas sobre como comunicar para a prevenção e resposta à meningite, o envolvimento de 595 líderes comunitários e a formação de 1548 mobilizadores sociais e líderes comunitários a semelhança do Soba Moma, para disseminar amplamente mensagens críticas.
"Nunca nos cansámos de andar pelas ruas, apaixonados por transmitir mensagens chave a todos de que, se tivessem sintomas de meningite, deveriam procurar assistência imediata na unidade de saúde mais próxima", recorda Moma.
Os especialistas apoiaram iniciativas locais de educação sobre a meningite, identificaram grupos de alto risco e defenderam junto dos líderes locais a divulgação de mensagens cruciais, ao mesmo tempo que realizavam avaliações para investigar rapidamente os factores sociais com impacto na prevenção da meningite.
O Director Provincial da Saúde, Lucas Yamba, afirma: "Pudemos realmente contar com o apoio da Direção de Saúde Pública a este respeito, com a excelente parceria da OMS."
Através de esforços de colaboração envolvendo a comunidade, as igrejas e as autoridades tradicionais, a informação sobre a prevenção e o tratamento da meningite foi amplamente divulgada nas unidades de saúde e nas comunidades.
"Demos palestras nas igrejas aos sábados e domingos, enquanto aqui [no centro de saúde], em cada uma das áreas de serviço, os nossos utentes também receberam informações sobre a meningite", disse Martins Canuela, um técnico da unidade de saúde de Benfica Baixo, localizada no bairro de Moma.
De acordo com Yamba, devido ao esforço para controlar o surto, as taxas de mortalidade por meningite nos últimos meses de 2023 diminuíram de 53% para 35%.
Embora tenham sido dados passos significativos para enfrentar a crise da meningite no Huambo, incluindo o aumento da sensibilização e a redução das taxas de mortalidade, o apoio contínuo foi crucial para manter estes resultados, afirma o Dr. Yoti Zabulon, Representante Interino da OMS em Angola.
"Continuando a trabalhar em conjunto e a alavancar parcerias, podemos garantir que todas as comunidades têm acesso a serviços de saúde de qualidade e podem gerir eficazmente doenças evitáveis como a meningite", diz Dr. Yoti.